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26/09/2009 - Consórcio quer parceria para transformar lixo de 40 cidades em energia

(Luiz Beltramin - Jornal da Cidade de Bauru)

A região de Bauru deu ontem, no câmpus local da Universidade Estadual Paulista (Unesp), mais um passo para preservar o meio ambiente e, ao mesmo tempo, acelerar a economia de diversos municípios de forma sustentável.

Com o propósito de transformar lixo orgânico em energia, representantes municipais de aproximadamente 40 cidades da região assinaram um termo de compromisso para a construção de uma usina de reciclagem com geração energética, com capacidade para receber até 300 toneladas de dejetos urbanos por ano.

O protocolo de intenções - documento prévio, que não gera direitos e obrigações, em princípio - foi selado entre cidades integrantes do recém-criado Consórcio Municipal para Tratamento de Resíduos Sólidos e Faculdade de Engenharia de Bauru (FEB/Unesp), cujo diretor, o professor doutor Jair Manfrinato, coordena o projeto de geração energética sustentável.

O novo consórcio, explica Manfrinato, foi criado nos mesmos moldes operacionais do Conselho de Desenvolvimento Econômico Regional (Coder), vinculado ao Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), que, atualmente, congrega dez cidades no entorno de Bauru em iniciativas voltadas ao turismo regional. “Não podemos resolver o problema do lixo com apenas dez municípios”, diferencia o coordenador da iniciativa.

Segundo ele, os 47 municípios convidados para a assinatura do termo se associariam para buscar parceiros não apenas na esfera governamental, mas também junto a empresas, com o financiamento da obra - conforme o coordenador, orçada em R$ 250 milhões - ocorreria por meio de uma Parceria Público Privada (PPP), com possível abertura de crédito com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “É um projeto viável economicamente”, considera.

Adesão

Os prefeitos presentes ao evento que marcou a assinatura do protocolo demonstraram entusiasmo com o projeto, que de acordo com estimativa do coordenador do programa, levaria no mínimo dois anos para sair definitivamente do papel.

Entretanto, apesar das parcerias serem firmadas com o Executivo, são as respectivas Câmaras Municipais, salienta Manfrinato, que devem dar a primeira chancela para, em seguida, o programa ser aderido pelas prefeituras e conseqüentes parceiros privados.

Antes do envio de projetos para os Legislativos, entretanto, os chefes de Executivo enaltecem a usina como forma ideal de destinação dos resíduos sólidos urbanos. “Não há mais condições de se tratar a questão do lixo orgânico de forma individual”, considera Coolidge Hercos Júnior (PMDB), prefeito de Macatuba, onde, atualmente, os resíduos são depositados em aterros no sistema de valas.

“São áreas com vida útil limitada e que demandam grande custo para o município”, resume o prefeito, ao citar recente gasto de R$ 150 mil na perfuração de poço de monitoramento de lençol freático, necessário sempre quando é aberta uma nova vala. “O tratamento do lixo em parceria com outros municípios é a melhor solução”, aprova.

Maura Romualdo Macieirinha (PSDB), prefeita de Santa Cruz do Rio Pardo, além de concordar com a viabilidade do projeto, afirma que a iniciativa também vem a calhar com outro importante fator que, nem sempre, é mudado mesmo com insistentes campanhas de conscientização: a educação. “Procuramos trabalhar para que a população seja parceira, mas ainda existem cidadãos que não colaboram”, lamenta a prefeita, sobre moradores que ainda não separam lixo reciclável dos resíduos enviados a aterros sanitários.


Logística

A usina, que ocuparia uma área estimada em 29 mil metros quadrados, acentua o diretor da FEB, Jair Manfrinato, operaria com tecnologias alemã e brasileira, conforme um esboço apresentado aos convidados antes da assinatura do protocolo.

O lixo orgânico, removido das cidades parceiras por transporte rodoviário, após processo de compostagem, seria transformado em vapor, mediante incineração. A usina também produziria material para construção civil, com a fabricação de tijolos com as cinzas de entulhos.

A localização geográfica é fator que deixa Bauru, a princípio, em melhores condições para abrigar a usina. “A cidade está no centro (regional) e o custo para trazer os resíduos, que servirão como matéria-prima para a geração de energia, é menor”, justifica Manfrinato, que também cita a possibilidade do centro de produção alternativo de energia ser instalado em área do município de Pederneiras.




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