(National Geographic)
Projeto dos Estados Unidos pretende criar alternativa para biodiesel da soja
A partir de algas, lascas de madeira deixadas na grama e resíduos sólidos, cientistas estão procurando a matéria-prima para a produção de uma nova geração de combustíveis renováveis - uma fonte que não transforme comida em energia, e que seja abundante o suficiente para fazer uma significativa redução no mercado de petróleo. A maior empresa de carne no mundo acha que tem a resposta. Ela tem sido congelada em suas instalações por tempo: a gordura animal.
A gigante alimentícia Tyson Foods, em parceria com a empresa de pesquisa de combustíveis sintéticos Syntroleum Corporation, abriu uma fábrica em Geismar, Louisiana, para testar a conversão de gorduras em combustível diesel renovável.
A parceria, denominada Dynamic Fuels, abriu sua fábrica em outubro do ano passado e já está produzindo 397 mil litros por dia. A empresa afirma ter capacidade para produzir até 284 milhões de litros por ano.
Além da soja
Dynamic Fuels pretende fazer um combustível muito diferente do que aquele feito à base de soja. O biodiesel de soja manteve-se caro e é controverso nos círculos de segurança alimentar. Regulamentações federais dos Estados Unidos proíbem o seu transporte através da maioria dos gasodutos existentes para evitar que ele se misture com combustível de avião.
Mas o combustível para motores diesel feito a partir de gorduras animais como sebo bovino, banha de porco, e gordura de frango - conhecido como "diesel renovável" - é distinto do biodiesel, em parte devido à forma como ele é feito.
Para fazer o biodiesel, é necessário que a gordura no óleo vegetal reaja com uma forma de álcool - geralmente metanol. Para o diesel renovável feito a partir de gordura animal, a gordura é hidrogenada pela reação do sebo com o hidrogênio sob alta pressão em alta temperatura. O resultado é uma molécula que é basicamente o puro – embora sintético – hidrocarboneto, o que significa que é quimicamente idêntico ao diesel comum –, mas sintético.
“É tudo o que tem de melhor nas moléculas do petróleo sem os nocivos", disse Jeff Bigger, vice-presidente da Syntroleum para desenvolvimento de negócios.
Os compostos nocivos do petróleo não estão presentes no diesel renovável, incluindo a benzina, que se torna um agente cancerígeno no ar quando queimado. O diesel renovável também cria muito menos dióxido de enxofre, partículas e emissões de óxidos de nitrogênio. Bigger diz que o escape tem um cheiro de cera de vela, como a parafina.
O diesel renovável é um combustível de baixo carbono, mesmo quando as emissões são medidas a partir do abatedouro, passando pela refinaria até o veículo. A Comissão de Energia da Califórnia, que mediu as emissões de uma grande variedade de combustíveis alternativos, disse que o diesel renovável tem de 58% a 80% menos emissões de gases do efeito de estufa que o diesel de petróleo.
Defensores do diesel renovável, como Bigger, dizem que ele supera o biodiesel em outras áreas também. Ao contrário do biodiesel, o diesel renovável pode ir diretamente para o oleoduto de petróleo e para a infraestrutura de refino.
"O refinamento é muito promissor", disse Gordon Schremp, especialista em combustíveis da Comissão de Energia da Califórnia. "Estes novos combustíveis podem ser misturados com os combustíveis normais e é nisto que estamos mais focados". Diesel renovável pode ser misturado ao diesel derivado do petróleo ou biodiesel. E, de acordo com Syntroleum, ele tem uma vida útil significativamente maior que o biodiesel, medido em anos em vez de meses. |