(Adriano Kotsan - Gazeta do Povo)
Locais ficam em Curitiba, no bairro da Caximba, e em Fazenda Rio Grande. Moradores de Mandirituba fizeram uma manifestação nesta sexta-feira contra a instalação do aterro
O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) concedeu uma licença prévia, na quinta-feira (16), para uso de duas áreas que poderão receber o Sistema Integrado de Processamento e Aproveitamento de Resíduos (Sipar), a nova usina de tratamento de lixo que irá substituir o Aterro Sanitário da Caximba, que está com a capacidade praticamente esgotada. As duas áreas liberadas previamente pelo IAP ficam no próprio bairro da Caximba, em Curitiba, e em um terreno em Fazenda Rio Grande, na região metropolitana.
“O IAP, assim como a população, tem pressa em encontrar um novo local para a destinação do lixo. No entanto, temos que entender que os estudos – ambientais e sociais – devem ser eficazes para evitar, no futuro impasses como este”, disse o presidente do IAP, Vitor Hugo Burko ao site de notícias do governo estadual. Os licenciamentos foram homologados, nesta sexta-feira (17) pelo secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues.
A outra área que ainda pode receber o "novo lixão" de Curitiba e mais 16 cidades da região fica em Mandirituba. No entanto, uma lei municipal de dezembro de 2008 (Lei 483/2008) impede que o município receba o novo aterro. O prefeito Antonio Maciel Machado (PDT), porém, está tentando revogar a lei para que o aterro possa ser instalado na cidade. O assunto está na Câmara e os vereadores devem dar uma definição sobre o caso em duas semanas.
A população da cidade é contrária à instalação do aterro que vai comportar o lixo gerado pelo Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos – composto por Curitiba e outras 16 cidades da região metropolitana. Na manhã desta sexta-feira (17), cerca de 800 pessoas fizeram um protesto na Praça do Colono, em frente à prefeitura, contra a instalação do aterro na cidade. O protesto aconteceu das 10h às 11h. “Mandirituba é um manancial de água e não queremos o lixão aqui. Isso vai fechar granjas de frangos e os produtos agrícolas não poderão ser comercializados na Ceasa. Isso trará um impacto ambiental e cultural na cidade”, afirmou Claudio Ribeiro, um dos organizadores do movimento contrário ao lixão na cidade. Ribeiro afirma que cerca de 2 mil pessoas participaram da manifestação nesta sexta-feira. A prefeitura, por outro lado, diz que foram dezenas de pessoas.
Entre os manifestantes havia pessoas ligadas à ONGs ambientais e alunos das escolas municipais. “Estamos propondo que cada município resolva o problema do lixo do seu modo. Nossa palavra de ordem é ‘Lixão é traição’”, definiu Ribeiro. A prefeitura, do outro lado, afirma que só aceitará a instalação da usina de reciclagem, caso sejam atendidas todas as normas ambientais e que isso não gere prejuízos à cidade.
Aterro da Caximba
Por enquanto o Aterro Sanitário da Caximba continua recebendo lixo de Curitiba e outras 16 cidades da região, mas os grandes geradores, shoppings, hotéis, restaurantes e supermercados, por exemplo, não podem mais depositar resíduos no local desde a última quarta-feira (15).
Quem produz acima de 600 litros de resíduos por semana, o equivalente a 30 sacolas de lixo, é considerado um grande gerador. Nos dois primeiros dias da proibição caminhões que não eram da coleta pública foram flagrados tentando entrar na Caximba e tiver que dar meia volta, pois fiscais da secretaria municipal do Meio Ambiente de Curitiba proibiram a entrada. |