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11/03/2011 - Compra da Cavo cria gigante do setor de lixo

(Gazeta do Povo - Cristina Rios)

Estre, que já tinha o aterro de Fazenda Rio Grande, pagou R$ 610 milhões; aquisição provocou protestos de funcionários

Depois de uma negociação que durou apenas dez dias, a paulista Estre Ambiental comprou, por R$ 610 milhões, a Cavo Serviços de Saneamento, responsável pela coleta de lixo de Curitiba. O negócio dá à Estre a posição de maior gerenciadora de lixo do país, com faturamento de R$ 1,2 bilhão por ano e posição dominante no mercado da capital paranaense, que coleta cerca de 40 mil toneladas por mês de lixo.

A venda, que envolveu 100% do capital da Cavo, ocorreu em meio ao imbróglio envolvendo a licitação do lixo de Curitiba. O contrato com a Cavo, que já recebeu 22 aditivos, vence em meados de abril e a licitação que definirá a operadora que vai cuidar da limpeza urbana está paralisada desde que o Tribunal de Contas do Estado do Paraná suspendeu a abertura dos envelopes das concorrentes, há um mês. A Cavo disputa o contrato – avaliado em R$ 645,5 milhões em cinco anos – com a Revita Engenharia (da Camargo Corrêa e Solví) e Vital Engenharia Ambiental (do Grupo Queiroz Galvão).

A venda para a Estre provocou protestos dos trabalhadores da Cavo. Com o receio de demissões em massa, os cerca de 2,3 mil funcionários da empresa suspenderam a coleta do lixo na capital ontem. Em período de negociação da data-base da categoria, os empregados também protestaram contra a falta de diálogo sobre as propostas de reajuste salarial. Uma nova reunião de funcionários está marcada para hoje, na sede da empresa, no início da manhã.

O presidente da Cavo, João Carlos David, afirmou ontem que a empresa descarta demissões em massa por conta da aquisição pela Estre. “Se não ganharmos a licitação [do lixo de Curitiba], é claro, teremos de demitir, mas vamos cumprir todos os compromissos e indenizações”, disse. Procurada, a Estre não concedeu entrevista.

Aterros

O negócio com a Cavo amplia a área de atuação e concede ganhos de escala à empresa paulista, que já era uma das maiores do setor no país. Especializada na destinação final de resíduos, a Estre tem atualmente 12 aterros sanitários, dentre eles um localizado em Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba. Com faturamento estimado em R$ 630 milhões, controla várias empresas e tem mais da metade dos seus negócios gerados pelo setor privado.

De acordo com David, o foco da Estre é crescer fortemente também por meio de aquisições. O mercado de coleta e tratamento de lixo vem crescendo a taxas superiores às do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil, tendência que deve se manter nos próximos anos. Entre seus concorrentes estão Haztec, Foz Brasil/Odebrecht e Queiroz Galvão.

Fundada por engenheiros ingleses e prestes a completar 90 anos, a Cavo pertencia ao grupo Camargo Corrêa, que adquiriu a empresa no fim da década de 1950. Com faturamento de R$ 500 milhões, a empresa tem operações em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul, e emprega 3,3 mil pessoas. Dessas, 2,3 mil trabalham em Curitiba. Segun­do David, o dinheiro da venda foi pago à vista e financiado pela Estre junto a um fundo de investimentos do banco BTG Pactual, responsável pela estruturação da operação.

De acordo com o presidente da Cavo, a venda envolve também a participação da Cavo em outras empresas, como os 50% que detém na Essencis, que trata resíduos industriais; os 37,6% na Loga, que atua na coleta de lixo em parte da cidade de São Paulo; e os 54% na UTR, que opera com resíduos hospitalares.


Funcionários param coleta temendo cortes

Funcionários da Cavo entraram em greve por tempo indeterminado na manhã de ontem. De acordo com o Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação de Curitiba e Região (Siemaco), os coletores e varredores temem uma possível demissão em massa com a venda da Cavo para a Estre.

A prefeitura de Curitiba informou, em nota, que notificou a Cavo, que tem 48 horas para regularizar os serviços de coleta domiciliar de lixo sob pena de multa diária de R$ 15 mil, já que o indicativo de greve não foi repassado com 72 horas de antecedência, conforme prevê a Constituição Federal.

Além da possível demissão em massa, negada pela empresa, os funcionários reivindicam 20% de aumento salarial, 50% de aumento nos vales alimentação e refeição e a contratação de mais coletores de lixo por caminhão. A categoria também luta por melhorias nos equipamentos de segurança, redução da jornada de trabalho e manutenção dos direitos já adquiridos.

Na manhã de ontem, os coletores e varredores da Cavo protestaram em frente à sede da empresa e impediram trabalhadores de fazer a coleta de lixo na cidade. O trânsito na Avenida Getúlio Vargas ficou bloqueado pelos manifestantes por seis horas.

Em nota, a Cavo Serviços e Saneamento S.A. disse que em nenhum momento os funcionários foram ameaçados e os direitos legais dos colaboradores vão permanecer inalterados. Com relação à venda da Cavo para a Estre, a empresa informou que a operação não altera a rotina e o atendimento à coleta e ao destino final de resíduos da cidade. O Siemaco deve reunir os trabalhadores em uma assembleia às 7 horas de hoje para decidir se a categoria continua em greve ou retorna ao trabalho.




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